Petrobras antecipa produção no pré-sal e eleva extração em 31% no campo de Mero

A Petrobras anunciou neste sábado a entrada em operação do FPSO Alexandre de Gusmão, uma unidade flutuante de

A Petrobras anunciou neste sábado a entrada em operação do FPSO Alexandre de Gusmão, uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (Floating Production Storage and Offloading) que passou a integrar o campo de Mero, situado no bloco de Libra, na região do pré-sal da Bacia de Santos. A plataforma, que estava prevista para começar a operar mais adiante, iniciou suas atividades com mais de dois meses de antecedência em relação ao cronograma estabelecido no Plano de Negócios da estatal, reforçando não apenas a eficiência operacional da companhia, mas também sua estratégia de acelerar a monetização de ativos de alto retorno.

O início da produção da nova unidade representa um marco significativo para a estatal brasileira, que aposta fortemente na exploração de petróleo e gás no pré-sal como um dos pilares de sustentação de sua rentabilidade e capacidade de geração de caixa. Com uma capacidade para processar até 180 mil barris de petróleo por dia e até 12 milhões de metros cúbicos de gás natural diariamente, o FPSO Alexandre de Gusmão eleva de forma substancial o patamar de produção do campo de Mero, consolidando-o como um dos mais relevantes ativos da companhia no offshore brasileiro.

A instalação foi afretada pela Petrobras junto à empresa SBM Offshore, uma das principais fornecedoras globais de unidades flutuantes de produção, o que evidencia a contínua aposta da estatal na terceirização de ativos de produção como forma de ampliar sua flexibilidade operacional e reduzir custos fixos. Essa estratégia de afretamento tem sido utilizada com frequência em projetos do pré-sal e se mostra alinhada ao esforço da companhia em preservar capital enquanto acelera o aproveitamento de jazidas estratégicas.

Com a entrada em operação do Alexandre de Gusmão, o campo de Mero passa a contar com cinco plataformas em funcionamento, integrando um sistema que já compreende as unidades Pioneiro de Libra, Guanabara, Sepetiba e Marechal Duque de Caxias. A adição dessa nova unidade amplia a capacidade instalada do campo dos atuais 590 mil para 770 mil barris diários, o que corresponde a um aumento de 31% na produção bruta disponível. Esse salto na capacidade não é apenas estatístico; trata-se de um reflexo direto da maturidade operacional que a Petrobras tem alcançado nos últimos anos em relação ao desenvolvimento do pré-sal.

O campo de Mero é considerado um dos projetos mais promissores do portfólio da Petrobras. Localizado a cerca de 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, o ativo integra o bloco de Libra, uma área estratégica leiloada em 2013 sob o regime de partilha da produção e que foi um dos primeiros grandes projetos do pré-sal a ser licitado nesse formato. Desde o início das atividades exploratórias, a área se mostrou altamente produtiva, com jazidas de elevada qualidade e pressões favoráveis à extração. Atualmente, Mero é desenvolvido por meio de um consórcio liderado pela Petrobras, que detém 40% de participação, ao lado da Shell (20%), TotalEnergies (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%), com a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) atuando como representante da União.

O desempenho antecipado do Alexandre de Gusmão reforça a capacidade da Petrobras em executar projetos complexos com agilidade, mesmo em um contexto global desafiador marcado por flutuações nos preços do petróleo, pressões por descarbonização e incertezas geopolíticas. A entrega da unidade antes do prazo inicial estabelecido pode ser interpretada como um reflexo da melhora nos processos de gestão de projetos da companhia, que tem apostado fortemente em padronização de engenharia, digitalização e maior integração entre as etapas de planejamento, construção e comissionamento.

Essa antecipação é particularmente relevante em um momento em que a estatal se vê pressionada a manter sua atratividade junto a investidores, principalmente os estrangeiros, que cobram previsibilidade, disciplina de capital e retorno consistente. A maior produção no campo de Mero deve contribuir diretamente para o cumprimento das metas de produção da Petrobras para o ano, além de gerar receitas adicionais em um contexto de preços ainda elevados do barril de petróleo tipo Brent.

É importante destacar que o pré-sal responde atualmente por cerca de 75% da produção total da Petrobras, tendo se consolidado como o núcleo do modelo de negócios da empresa. As reservas dessa camada, situadas a profundidades superiores a 5 mil metros abaixo do nível do mar, têm se mostrado altamente rentáveis, mesmo em cenários menos favoráveis de preço do petróleo. Essa rentabilidade é atribuída, em grande parte, à produtividade dos poços, que chegam a extrair individualmente até 50 mil barris por dia, o que reduz substancialmente o custo unitário de produção. Essa característica confere ao pré-sal brasileiro uma posição de destaque no cenário internacional, sendo comparável, em termos de competitividade, a grandes ativos no Oriente Médio e nos Estados Unidos.

A operação do FPSO Alexandre de Gusmão não é apenas um fato técnico ou operacional; ela carrega consigo implicações estratégicas de médio e longo prazo. Ao ampliar a produção em Mero, a Petrobras reforça sua posição como um dos principais players globais na produção offshore de petróleo, além de consolidar o pré-sal como âncora de sua sustentabilidade financeira. Mais do que isso, o incremento de produção pode ter impactos indiretos sobre a balança comercial brasileira, uma vez que parte significativa da produção do pré-sal é destinada à exportação, contribuindo para superávits comerciais robustos e geração de divisas em moeda forte.

Em termos ambientais, a Petrobras tem reiterado que os projetos de novas plataformas no pré-sal são desenvolvidos sob rigorosos padrões de segurança e controle de emissões. A companhia afirma que o Alexandre de Gusmão incorpora soluções tecnológicas avançadas para captura e reinjeção de CO₂, o que contribui para mitigar os impactos ambientais da produção. Além disso, a unidade possui sistemas digitais de monitoramento em tempo real e automação de processos, o que melhora a eficiência operacional e a resposta a incidentes. A preocupação ambiental, embora frequentemente criticada por setores mais radicais da sociedade, tem sido usada pela Petrobras como um argumento para defender a viabilidade dos seus projetos diante de pressões por uma transição energética.

O campo de Mero ainda deverá receber novas plataformas nos próximos anos, conforme previsto no Plano Estratégico da Petrobras. A expectativa é que, com a entrada em operação de todas as unidades planejadas, o campo atinja uma capacidade de produção superior a 1 milhão de barris por dia até o fim da década, consolidando-se como um dos maiores campos em operação no mundo em águas profundas. Esse cenário potencializa ainda mais a relevância do ativo no balanço da estatal e aumenta a pressão sobre a companhia para garantir a continuidade dos investimentos no desenvolvimento dessa fronteira de produção.

Vale lembrar que, nos últimos anos, a Petrobras tem reorientado seu portfólio de ativos com foco em projetos de maior retorno e menor risco exploratório. Essa estratégia envolveu a venda de campos maduros em terra e águas rasas, além da saída de negócios considerados não estratégicos, como refino e distribuição de combustíveis em mercados secundários. Com isso, a empresa concentrou seus esforços em ativos do pré-sal, cujos resultados operacionais e financeiros têm sido cada vez mais expressivos.

A entrada em operação do Alexandre de Gusmão confirma a tendência de aceleração no desenvolvimento da província petrolífera do pré-sal, um ativo de importância estratégica não apenas para a Petrobras, mas para o Brasil como um todo. O crescimento da produção em áreas de alta produtividade permite ao país ampliar sua presença no mercado internacional de petróleo, além de garantir uma fonte consistente de receitas para o Estado brasileiro por meio de royalties, participação especial e dividendos pagos por uma empresa que ainda é majoritariamente estatal.

Em termos de geração de emprego e desenvolvimento local, os projetos do pré-sal também têm gerado efeitos positivos, ainda que concentrados nas regiões Sudeste e Sul do país. A construção e operação de unidades como o Alexandre de Gusmão mobilizam uma extensa cadeia produtiva, que inclui estaleiros, fornecedores de bens e serviços, empresas de engenharia e logística. Esse movimento estimula o setor industrial nacional e gera efeitos multiplicadores em segmentos diversos da economia. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que ampliem os efeitos redistributivos desses investimentos, garantindo que os benefícios do pré-sal cheguem a um número maior de brasileiros.

No plano internacional, a Petrobras vem sendo observada de perto por grandes players globais e agências de classificação de risco. O desempenho consistente em projetos como o de Mero reforça a tese de que a estatal brasileira pode manter sua trajetória de recuperação e valorização de mercado, após anos de turbulência política e escândalos de corrupção que abalaram sua imagem e credibilidade. A antecipação de produção da unidade Alexandre de Gusmão é um símbolo de que, ao menos no campo técnico, a empresa continua sendo uma referência mundial.

Dessa forma, a entrada em operação do FPSO Alexandre de Gusmão não se trata apenas de um novo navio-plataforma em funcionamento. Trata-se da consolidação de um modelo industrial que aposta na alta produtividade, eficiência operacional e gestão disciplinada de investimentos. Com o pré-sal já representando a espinha dorsal de sua produção, a Petrobras dá um passo adiante em sua estratégia de valorização dos ativos, reforçando o protagonismo da companhia na transição energética global, ao mesmo tempo em que preserva sua capacidade de gerar valor para o acionista e para o Brasil.

Com informações Reuters

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