
As ações da Copel (CPLE3) alcançaram um novo patamar histórico nesta quinta-feira, impulsionadas por uma combinação de fatores estratégicos e de confiança institucional. Em meio a um cenário de leve retração no Ibovespa, que caía 0,2% no início da tarde, os papéis da companhia elétrica paranaense destoaram do mercado ao subir 1,67%, cotados a R$12,80, após atingirem a máxima intradia de R$12,83. Com isso, a Copel acumula uma impressionante valorização de 45% somente em 2025, consolidando-se como uma das protagonistas do mercado brasileiro de energia neste ano.
O otimismo em torno da companhia foi catalisado por dois relatórios consistentes e altamente respeitados: Itaú BBA e UBS BB reforçaram suas recomendações positivas sobre a empresa, destacando sua solidez operacional, políticas de dividendos generosas e perspectivas de crescimento alinhadas a transformações estruturais relevantes. Ambos os bancos elevaram seus respectivos preços-alvo para os papéis, ampliando a visibilidade da ação como uma oportunidade estratégica de investimento de longo prazo.
O Itaú BBA, por exemplo, revisou o preço-alvo das ações da Copel de R$13,30 para R$13,60, fundamentando a nova projeção na atualização da curva de preços de energia e em premissas macroeconômicas renovadas. Apesar de reconhecer um aumento no custo de capital próprio, os analistas liderados por Filipe Andrade sustentaram que a ação continua atrativa, com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 10,3% e riscos de execução considerados baixos.
Mais do que números, o relatório do Itaú BBA enfatiza um posicionamento estratégico da Copel, que combina solidez com potenciais gatilhos de valorização, como uma possível migração para o Novo Mercado da B3 e a participação no próximo leilão de reserva de capacidade do setor elétrico. Tais eventos podem representar pontos de inflexão importantes para a companhia, criando oportunidades relevantes de liberação de valor para os acionistas nos próximos trimestres.
Outro fator determinante apontado pelo Itaú BBA é a consistência da política de dividendos da empresa, considerada como uma das mais sólidas do setor. Para investidores com foco em renda passiva, a Copel apresenta um perfil extremamente atrativo, especialmente em um ambiente macroeconômico volátil e marcado por incertezas políticas e fiscais. A combinação entre dividendos substanciais e segurança operacional torna a ação um verdadeiro “porto seguro” na bolsa.
Já o UBS BB foi ainda mais enfático em sua avaliação, ao elevar o preço-alvo das ações de R$13 para R$14, projetando um potencial de valorização significativo. A análise conduzida por Giuliano Ajeje e equipe chama atenção para a revisão tarifária prevista para 2026 da distribuidora Copel-D, momento em que se espera uma base de ativos regulatórios (RAB) líquida de impressionantes R$17,6 bilhões — mais que o dobro da última revisão de 2021, que totalizou R$8,3 bilhões.
Além do crescimento da RAB, o UBS BB destaca outro fator decisivo: a projeção de uma redução de 20% nos custos operacionais (PMSO) entre 2023 e 2026, conforme sinalizado pela empresa em seu mais recente Investor Day. Esta expectativa de cortes substanciais em pessoal, materiais, serviços e outros custos reforça a tese de que a Copel está buscando ganhos de eficiência que impactarão diretamente em sua margem operacional, especialmente após o término do período de testes regulatórios.
A capacidade da companhia de combinar crescimento orgânico com austeridade administrativa tem se mostrado um diferencial competitivo crucial, principalmente quando comparada com outros players do setor elétrico. O UBS BB também ressalta que a nova política de dividendos recentemente anunciada consolida a Copel como a empresa com o melhor dividend yield em sua cobertura dentro do segmento, com uma estimativa de 13,7% ao ano entre 2025 e 2028.
Esse percentual é especialmente relevante no contexto atual, no qual a renda fixa começa a perder atratividade frente às incertezas sobre a condução da política monetária e fiscal. Para investidores institucionais e individuais, ações que entregam dividendos reais, consistentes e acima da média do mercado ganham cada vez mais protagonismo em carteiras equilibradas e diversificadas.
A valorização recente das ações da Copel, no entanto, não parece ser fruto de euforia passageira. O consenso entre os analistas é de que a empresa passa por um momento estratégico ímpar, combinando um ciclo de investimentos eficiente, previsibilidade regulatória e um plano robusto de redução de custos. Essa equação fortalece os fundamentos da companhia e confere maior previsibilidade aos fluxos de caixa futuros — algo que o mercado valoriza intensamente, sobretudo em tempos de alta seletividade.
Outro aspecto não desprezível é a possível migração da Copel para o Novo Mercado, segmento da B3 com os mais altos padrões de governança corporativa. A entrada nesse grupo seletíssimo poderia não apenas aumentar a atratividade dos papéis para fundos institucionais e internacionais, mas também elevar o múltiplo de avaliação da empresa, com reflexos diretos sobre seu valor de mercado.
Em paralelo, a preparação para o leilão de reserva de capacidade poderá posicionar a Copel de forma estratégica para capturar novas fontes de receita e ampliar sua participação em projetos estruturantes do setor elétrico. Nesse sentido, a empresa parece se antecipar ao movimento de transição energética e às demandas crescentes por soluções mais sustentáveis e seguras no fornecimento de energia no Brasil.
Para além das projeções otimistas dos bancos, o comportamento recente da ação no mercado secundário reforça a confiança dos investidores. A renovação da máxima histórica, mesmo em um dia de desvalorização do Ibovespa, revela que o mercado está precificando não apenas os fundamentos da empresa, mas também os gatilhos prospectivos que podem ser acionados nos próximos meses.
A atuação dos grandes bancos também serve como uma espécie de “selo de validação” das estratégias empresariais da Copel. Quando duas instituições financeiras de porte como Itaú BBA e UBS BB convergem em avaliações positivas e com projeções de alta, isso tende a atrair maior atenção de gestoras, fundos de pensão e investidores qualificados que buscam ativos com bom risco-retorno e estabilidade no longo prazo.
Vale lembrar que a Copel já vinha sendo observada de forma cautelosa por parte do mercado, devido ao processo de privatização em 2023 e às incertezas quanto à sua atuação pós-desestatização. Entretanto, o desempenho financeiro recente, aliado à clareza na comunicação com os investidores e aos avanços operacionais, tem revertido essa percepção e reposicionado a companhia como uma blue chip emergente do setor elétrico.
Com a expectativa de uma base de ativos regulatórios significativamente maior, margens operacionais mais robustas, políticas de dividendos generosas e a possibilidade de valorização com eventos corporativos iminentes, a Copel se destaca como uma das principais oportunidades para o investidor que busca resiliência, crescimento e geração de caixa constante em sua carteira de ações.
Neste contexto, a recomendação é clara: ficar de fora da Copel pode custar caro aos investidores que buscam ativos estratégicos no setor de infraestrutura e energia. O mercado já está dando seu veredito — e, pelo visto, é de confiança e valorização.
Com informações Reuters