
Enquanto muitos ainda tentam entender a diferença entre blockchain, Bitcoin e o novo mundo dos ativos digitais, uma revolução silenciosa – porém avassaladora – já começou. Não é mais questão de “se” a blockchain terá impacto na sociedade. A pergunta, agora, é: quanto desse impacto você está preparado para absorver financeiramente? O novo relatório divulgado pela OKX em parceria com a Blockworks Research não apenas responde essa pergunta com precisão, mas também alerta: ignorar essa tecnologia nos próximos anos pode significar perder a maior janela de oportunidades econômicas da era digital.
A previsão? Nada modesta: 10% do PIB global será tokenizado e armazenado em blockchain até 2027. Isso mesmo. Em apenas dois anos, cerca de US$ 10 trilhões podem estar circulando não mais por bancos centrais ou instituições tradicionais, mas por redes descentralizadas acessíveis a qualquer pessoa com um smartphone e conexão à internet. E, spoiler: o Brasil está entre os países que já operam no piloto automático dessa transformação. A Receita Federal, o SUS e até o cartório eletrônico e-Notoriado utilizam blockchain para validar dados e documentos – tudo isso sem você perceber.
O estudo da OKX, batizado de “O Futuro das Aplicações de Blockchain: Remodelando Setores Globais”, vai muito além das especulações típicas do universo cripto. Ele se ancora em dados robustos, entrevistas com líderes de empresas como Visa, Google, Standard Chartered, Franklin Templeton, McLaren, Polygon e até clubes como o Manchester City. Os especialistas são unânimes: blockchain não é moda, é infraestrutura.
Essa nova infraestrutura vai alterar radicalmente o funcionamento dos mercados financeiros, das marcas de consumo, da indústria do entretenimento, da inteligência artificial e de toda a arquitetura digital. A tokenização de ativos do mundo real — desde imóveis até ações e commodities — promete liberar trilhões de dólares que hoje estão represados por burocracias e intermediários. Estamos entrando na era das Finanças 2.0, onde stablecoins, dApps, carteiras digitais e pagamentos on-chain se tornarão tão comuns quanto uma TED ou um PIX.
A Visa, por exemplo, já está investindo pesado em stablecoins, enquanto mais de dois terços dos profissionais financeiros entrevistados admitem estar desenvolvendo soluções para ativos tokenizados. A estrutura está em formação e, nos bastidores, as engrenagens já giram: corretoras cripto operam 24/7, as custódias digitais se tornam padrão e o antigo modelo de mercado financeiro passa a parecer… obsoleto.
Mas a blockchain não para nas finanças. A lógica on-chain — descentralizada, transparente e programável — invade redes sociais, identidades digitais, sistemas de saúde, cadeias de suprimentos, negócios de luxo e até a forma como consumimos arte e esportes.
Quer um exemplo real? Grandes marcas como Walmart e LVMH já adotam blockchain para rastrear produtos em tempo real, garantir autenticidade e transformar a experiência do consumidor. Produtos de luxo podem vir com passaportes digitais, NFTs exclusivos e contratos inteligentes que acompanham o item desde a fábrica até a mão do cliente. Isso não é mais ficção futurista: está acontecendo agora.
O setor de entretenimento, por sua vez, passa por uma mutação sem precedentes. Artistas independentes começam a lançar suas obras diretamente em plataformas blockchain, recebendo pagamentos instantâneos e sem depender de intermediários como gravadoras ou distribuidoras. Sim, o controle total das receitas finalmente está nas mãos de quem cria.
Nos esportes, clubes como o Manchester City distribuem tokens de torcedores que oferecem experiências exclusivas, participações em decisões do time e até investimentos diretos. É a nova era do engajamento digital, onde o fã não é mais apenas espectador, mas acionista emocional e ativo.
E não se engane: tudo isso caminha para uma fusão trilionária entre blockchain, inteligência artificial e computação em nuvem. Imagine sistemas autônomos, descentralizados, capazes de tomar decisões, treinar modelos de IA e realizar transações globais sem qualquer dependência de bancos, governos ou Big Techs. Isso está se tornando viável com a blockchain como o “cérebro operacional” dessa nova engrenagem. Como aponta Rich Widmann, estrategista da Web3 do Google Cloud, a blockchain será o idioma nativo da inteligência digital.
A privacidade digital, aliás, também ganha musculatura nesse novo ecossistema. A possibilidade de realizar transações pseudônimas, mas seguras, promove o equilíbrio entre liberdade e proteção de dados pessoais. Em tempos de escândalos envolvendo o uso indevido de informações privadas, a blockchain surge como um antídoto tecnológico contra a vigilância e a manipulação corporativa.
O Brasil, curiosamente, está bem posicionado nesse jogo. A implementação de tecnologias como o bCadastros, o uso do Hyperledger nos cartórios, e a validação de informações do SUS pela blockchain mostram que o país já deu os primeiros passos. Mas a pergunta é: os investidores brasileiros estão preparados para explorar esse novo ciclo de valorização?
Aqui entra o papel da educação financeira e do posicionamento estratégico. Oportunidades não faltam: ativos tokenizados, ações de empresas de infraestrutura blockchain, fundos de criptoativos regulados, startups com soluções on-chain, entre tantas outras. A janela está aberta, mas quem esperar pela “segurança do passado” pode simplesmente assistir, de camarote, à maior redistribuição de riqueza do século XXI.
O relatório da OKX deixa claro que o futuro dos negócios será on-chain. Ou seja, se você, como investidor, gestor ou empreendedor, não está ao menos estudando como essa tecnologia pode influenciar seu portfólio ou sua empresa, você já está atrás. Não há mais tempo para hesitação. A blockchain não é uma tendência. É um novo modelo de existência econômica.
A convergência entre IA, cripto, tokenização e descentralização abre um oceano de possibilidades — e de riscos para quem ficar de fora. Com a previsão de que US$ 600 bilhões em ativos tokenizados estejam em circulação até 2030, ignorar essa tendência pode ser tão desastroso quanto ignorar a internet em 1999.
Como afirmou Jason Yanowitz, cofundador da Blockworks: “Essa é uma revolução que não apenas altera os paradigmas de trading, mas redefine a própria criação de valor.” E se valor é o que procuramos — como investidores ou como sociedade —, talvez seja hora de olhar para a blockchain não com ceticismo, mas com estratégia.
Porque o futuro já começou. E ele está sendo escrito, bloco por bloco, em uma cadeia digital que promete não apenas transformar setores… mas reinventar o próprio capitalismo.
Com informações Cointelegraph