O mercado financeiro global vivencia um momento de grandes expectativas e incertezas. Nesta terça-feira, os principais índices de Wall Street apresentaram uma abertura mista, com investidores adotando uma postura cautelosa antes da divulgação do relatório de inflação nos Estados Unidos. Este relatório é particularmente relevante, pois pode influenciar diretamente as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) na reunião agendada para os dias 17 e 18 de dezembro.
A leitura do índice de preços ao consumidor (CPI) de novembro será um dos últimos dados significativos antes do encontro do comitê de política monetária. As projeções indicam um leve aumento na inflação geral, alinhando-se ao padrão dos últimos meses. Atualmente, as apostas dos traders estão em 86% para um corte de 25 pontos-base na taxa de juros na próxima reunião, segundo a ferramenta FedWatch da CME. Esse otimismo ganhou força após o relatório de emprego de sexta-feira, que revelou um crescimento robusto no emprego, apesar de um aumento na taxa de desemprego.
Contudo, há sinais de que o Fed possa adotar uma postura mais cautelosa em 2024. Funcionários do banco central já sinalizaram a possibilidade de desacelerar o ritmo de cortes na taxa de juros, citando a resiliência da economia. Essa estratégia pode ser interpretada como um reconhecimento de que a flexibilização monetária excessiva pode trazer riscos para a estabilidade econômica de longo prazo.
John Belton, gestor de portfólios da Gabelli Funds, destacou que há uma expectativa de estabilidade nos dados do CPI, indicando que a inflação está, em geral, retornando à meta, mas com oscilações pontuais ao longo do caminho. A previsão é que o IPC mantenha uma tendência moderada, refletindo uma economia que ainda busca equilíbrio entre crescimento e pressões inflacionárias.
No início desta terça-feira, os contratos futuros E-minis do Dow caíram 106 pontos, ou 0,24%, enquanto os E-minis do S&P 500 subiram 0,01% e os do Nasdaq 100 aumentaram 0,13%. Essa disparidade reflete o comportamento dos investidores em relação aos diferentes setores da economia, com maior otimismo em tecnologia e cautela em setores mais tradicionais.
Na segunda-feira, os principais índices de Wall Street fecharam em baixa, influenciados por uma queda significativa nas ações da Nvidia. O regulador de mercado chinês lançou uma investigação antitruste na gigante de chips de IA, impactando não apenas a empresa, mas também todo o setor de tecnologia. Ainda assim, as ações da Nvidia mostraram estabilidade no premarket desta terça-feira.
Por outro lado, os índices S&P 500 e Nasdaq tiveram um começo de ano promissor, impulsionados por uma performance robusta em novembro após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial. As perspectivas de cortes de impostos e regulamentações mais flexíveis no novo governo alimentaram as expectativas de melhoria no desempenho corporativo. Esse otimismo político demonstra como fatores externos podem influenciar o mercado financeiro, mesmo diante de condições econômicas desafiadoras.
Ações de empresas megacap e de crescimento também mostraram uma leve alta, com destaque para a Alphabet, controladora do Google, que subiu 4,2%. Por outro lado, a Oracle registrou uma queda de 6,8% após resultados abaixo do esperado no segundo trimestre. A empresa de software MongoDB seguiu a mesma tendência, recuando 8,3% apesar de revisar positivamente suas projeções anuais.
Entre as movimentações positivas, destaque para a Micron Technology, que ganhou 2,4% após o Departamento de Comércio dos EUA aprovar um subsídio de US$ 6,1 bilhões para o fabricante de chips de memória. Alaska Airlines também chamou atenção, subindo 11,4% após revisar para cima suas previsões de lucro para o quarto trimestre. Essas movimentações destacam como decisões corporativas e subsídios governamentais podem impactar significativamente os ativos no curto prazo.
Por outro lado, a Boeing registrou uma alta de 1,7% após reiniciar a produção dos jatos 737 MAX. Apesar dos desafios enfrentados pela empresa nos últimos anos, esse movimento indica uma retomada gradativa das atividades, gerando expectativas positivas para o setor aeronáutico.
Enquanto isso, em um cenário internacional, o mercado de ações europeias não conseguiu sustentar os ganhos da véspera, com o índice STOXX 600 caindo 0,3%. A incerteza em relação às políticas de flexibilização monetária do Banco Central Europeu (BCE) e os dados econômicos fracos da região limitaram o apetite por risco. É esperado um corte de taxa por parte do BCE, mas os investidores também buscam pistas sobre o caminho futuro de sua política monetária.
Ademais, o relatório também trouxe atualizações sobre o mercado de commodities. Os preços do petróleo estavam mistos, com o WTI em alta de 0,03%, cotado a US$ 68,39 por barril, enquanto o Brent caiu 0,14%, sendo negociado a US$ 72,04 por barril. Esses números indicam um mercado ainda sensível a fatores geopolíticos, como as tensões no Oriente Médio, mas também a reações sobre a demanda global.
O ouro, por sua vez, subiu 1,15%, alcançando US$ 2.689 por onça, enquanto o bitcoin, uma classe de ativo alternativa, foi negociado a impressionantes US$ 97.940. Esses movimentos demonstram como os investidores continuam buscando segurança em ativos tangíveis e digitais em tempos de incerteza.
Por fim, o mercado financeiro segue atentamente os desdobramentos das políticas monetárias globais, os dados de inflação e as movimentações corporativas. Os próximos dias serão cruciais para determinar o tom do restante do ano, com potencial de influenciar decisões estratégicas de investimento.
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Com informações Reuters