Hoje, quarta-feira, 18 de dezembro, exatamente às 15:15 hrs, o mercado financeiro brasileiro assistiu a um novo marco histórico: o dólar voltou a atingir o impressionante patamar de R$ 6,2073, rompendo barreiras psicológicas e econômicas nunca antes registradas. O Banco Central, em sua tentativa de frear a escalada da moeda americana, despejou bilhões de dólares no mercado em leilões à vista. No entanto, a realidade se impôs de forma brutal: a intervenção foi inócua. E você, como investidor, deve se perguntar: o que isso realmente significa para o futuro da economia brasileira e para as suas decisões financeiras?
A moeda americana encerrou a última terça-feira, dia 17, com uma leve alta de 0,04%, fechando a R$ 6,0961, o que já representava um recorde de fechamento. Contudo, o movimento observado hoje é um reflexo direto de um mercado em pânico, onde a confiança na política econômica e fiscal do país está seriamente comprometida. O Banco Central, na tentativa de minimizar os estragos, vendeu US$ 1,272 bilhão logo na abertura do mercado e outros US$ 2,015 bilhões ao meio-dia. Ainda assim, o impacto foi mínimo, mostrando que o mercado não compra mais a narrativa de controle por meio de intervenções paliativas.
O que fica claro nesse cenário é que as pressões cambiais não se limitam ao desequilíbrio pontual entre oferta e demanda por dólares. Estamos diante de um ambiente econômico onde a incerteza predomina. Dezembro, tradicionalmente marcado por maior procura por dólares devido a remessas de multinacionais, foi apenas o gatilho inicial. O verdadeiro problema está na falta de confiança no arcabouço fiscal do Brasil. E isso, meu caro leitor, não se resolve com leilões emergenciais.
O governo de Fernando Haddad tenta vender otimismo. Promessas de aprovação de pacotes fiscais no Congresso, como a PEC de contenção de gastos, continuam no discurso. Contudo, como bem apontou o presidente da Câmara, Arthur Lira, o calendário de votações é incerto, e os resultados mais ainda. Você, como investidor, sabe que mercados não vivem de discursos, mas de fatos. E os fatos mostram que a PEC, mesmo aprovada, não garante a credibilidade necessária para estabilizar as contas públicas.
O Boletim Focus reflete esse pessimismo crescente. As projeções para o câmbio ao final de 2024 subiram de R$ 5,95 para R$ 5,99, e o mercado já considera cenários onde o dólar pode romper os R$ 7 nos próximos anos. Instituições como o Wells Fargo não hesitam em apontar para um fortalecimento global da divisa americana combinado com a deterioração da credibilidade fiscal do Brasil.
E onde você se posiciona diante desse caos? Como gestor de seus investimentos, você precisa compreender que estamos navegando em águas extremamente turbulentas. A volatilidade cambial, amplificada por fatores internos e externos, exige estratégias robustas e diversificadas. Não basta apenas observar o câmbio; é preciso entender as forças subjacentes que movem o mercado.
No front interno, a política monetária do Banco Central, refletida nas recentes decisões do Copom, adiciona mais uma camada de complexidade. A ata divulgada ontem reafirma uma postura extremamente contracionista, com sinalizações claras de novos aumentos na Selic. Enquanto isso, o mercado absorve a mensagem de que a inflação continua a se deteriorar, demandando ajustes mais severos na política monetária.
Externamente, a política do Federal Reserve também joga seu peso. Hoje, todos os olhos estão voltados para a decisão do Fed, que deve anunciar um corte nos juros, trazendo o intervalo para 4,25% a 4,5%. Essa decisão, embora esperada, tem implicações diretas no comportamento do dólar globalmente. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas importantes, já subiu 0,09%, refletindo uma expectativa de fortalecimento adicional da moeda americana.
Mas será que o dólar continuará nessa escalada? A resposta, infelizmente, não é simples. Com um aumento acumulado de 25,60% em relação ao real neste ano, a tendência de alta parece cada vez mais consolidada. E o pior: as perspectivas de médio e longo prazo são igualmente sombrias. As estimativas para 2025, 2026 e 2027 mostram uma trajetória de câmbio acima de R$ 5,70, um reflexo direto da falta de confiança nas políticas econômicas brasileiras.
Então, o que fazer? Em momentos como este, você precisa pensar além da volatilidade imediata. Investir em ativos dolarizados, fundos cambiais ou mesmo considerar posições no exterior pode ser uma forma de proteger seu patrimônio. No entanto, é essencial não agir por impulso. Uma análise criteriosa do cenário macroeconômico, alinhada ao seu perfil de risco, é indispensável.
Além disso, fique atento ao movimento de grandes players do mercado. Como mencionado por Elson Gusmão, da Ourominas, as empresas multinacionais já estão reforçando suas posições em dólar, antecipando remessas para suas matrizes. Isso não é apenas sazonal; é estratégico. Você deve adotar a mesma postura: não espere pelo pior, prepare-se para ele.
A questão central é: quanto tempo mais o Banco Central pode sustentar essa postura de intervenções constantes? A cada leilão, as reservas internacionais são consumidas, e o impacto no câmbio tem sido cada vez menor. A solução para o problema cambial do Brasil não virá do BC isoladamente. É necessária uma ação coordenada entre política fiscal e monetária, algo que, até agora, parece distante da realidade.
Portanto, enquanto o governo tenta convencer o mercado com promessas e discursos, você, como investidor, precisa agir com base na realidade. Acredite nos números, nas projeções e, sobretudo, na lógica do mercado. O dólar a R$ 6,20 não é um fenômeno isolado; é o sintoma de um problema estrutural que requer soluções profundas e duradouras. Até lá, a melhor estratégia é estar preparado para navegar neste mar revolto, mantendo o foco em proteger e maximizar seus investimentos em um cenário de incerteza.
Com informações e|investidor