Brasil em queda – Juros a caminho dos 15% e dólar acima de R$ 6 reais

Olhe ao seu redor e analise a situação que se desenha no mercado financeiro brasileiro.

Olhe ao seu redor e analise a situação que se desenha no mercado financeiro brasileiro. É inegável: você está diante de um cenário que exige sangue frio e tomadas de decisão extremamente calculadas. Não se iluda com previsões otimistas de um início de ano que parecia, a muitos, um porto seguro. O que era antes uma Selic prevista em 9% ao final de 2024 agora está caminhando perigosamente rumo aos 15% ao ano. E, como se não bastasse, o dólar pode cravar a marca simbólica dos R$ 6 em breve. Para quem ainda pensa que é hora de ficar parado esperando um milagre fiscal, a verdade é outra: o jogo mudou, e você precisa estar preparado.

Empresas gigantes já tomaram a dianteira e começaram a apertar os cintos. Cosan, CSN, Braskem… nomes de peso do mercado que já anunciaram cortes de investimentos, desinvestimentos e reestruturação interna. Por quê? Porque sabem o que está por vir. A decisão recente do Copom de elevar a taxa básica para 12,25% foi apenas um aperitivo amargo de um ciclo de ajuste monetário que deve piorar nos próximos meses. Dois novos aumentos de 1 ponto percentual cada já estão sinalizados. E não se engane: o impacto disso não será só sobre as empresas, mas também sobre você, sobre seus investimentos e sobre seu futuro.

Quando Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, afirma que “com juros de 12% a 13%, nada dá retorno”, ele está sendo direto. Empresas precisam de previsibilidade, mas com o custo do dinheiro subindo nessa velocidade, a ordem é uma só: reduzir alavancagem e segurar os investimentos. A Cosan, por exemplo, já estuda vender participações na Raízen e na Compass, além de cortar custos na Moove. A CSN, por sua vez, anunciou um corte de R$ 1 bilhão nos investimentos previstos entre 2025 e 2028. Enquanto isso, a Braskem entra em uma fase de reorganização interna que deve resultar em desinvestimentos expressivos.

E a pergunta que não quer calar é: você vai assistir a tudo isso de fora, ou vai aproveitar as oportunidades que o caos traz para quem sabe enxergar?

O Grupo Sá Cavalcante, que atua com administração de shoppings, também sentiu o baque. Um empreendimento que estava no radar para este ano foi adiado. Isso acontece porque o custo do capital subiu de forma dramática, tornando inviável muitos projetos que até então eram rentáveis. E aqui você precisa entender algo crucial: com juros mais altos, o dinheiro fica caro, as margens se estreitam, e a capacidade de retorno encolhe. Em outras palavras, qualquer projeto que dependa de financiamento está em cheque. Os grandes jogadores do mercado financeiro já sabem disso, e se você quiser continuar no jogo, precisa agir como eles.

De acordo com João Pedro Viola, diretor da Alvarez & Marsal, a palavra de ordem para as empresas neste momento é revisão. Projetos com retorno comprometido serão abandonados ou renegociados. Empresas vão segurar lucros, reter dividendos e, se for preciso, vender ativos para evitar um colapso no fluxo de caixa. E, acredite, algumas já estão cogitando acessar o mercado de capitais por meio de follow-on, mesmo em um momento de ações subvalorizadas. A capitalização pode ser a única alternativa para evitar a reestruturação dos passivos financeiros. Ou seja: você pode esperar um movimento de mercado nos próximos meses. Vai ficar parado ou vai se posicionar?

Carlos Antonio Rocca, do Cefeb FIPE, faz um alerta importante: o impacto nos fluxos de caixa é inevitável para todas as empresas. Mas aqui é onde entra a diferenciação: empresas com receita em dólar, especialmente exportadoras, vão sentir menos os efeitos dessa turbulência. Com a previsão de desvalorização do real, essas companhias tendem a se equilibrar em meio ao caos. E mais: as grandes corporações que tiveram acesso ao mercado de capitais nos últimos anos estão melhores preparadas para resistir ao choque. A má notícia é que as pequenas e médias empresas dificilmente terão a mesma sorte.

Agora, pense nos leilões de infraestrutura que estão por vir. Como Viola bem aponta, esses leilões serão um termômetro importante. O apetite das empresas vai refletir diretamente a expectativa de retorno no cenário atual. Será que teremos um prêmio mais alto para compensar o risco? Haverá liquidez suficiente para bancar os investimentos necessários? A resposta a essas perguntas ditará o ritmo da economia nos próximos anos. Por enquanto, é prudente observar de perto.

Dados recentes da Grant Thornton Brasil acendem ainda mais o alerta. Em uma pesquisa com diretores financeiros de empresas privadas, 63% apontam o alto custo do financiamento como um dos maiores obstáculos para seus negócios. Os setores mais afetados? Varejo, com 90%, manufatura, com 85%, e construção civil, com 75%. E aqui vai um dado preocupante: 38% dos entrevistados estão pessimistas em relação à economia brasileira para a primeira metade de 2025. Mais da metade prevê retração nas receitas e lucros, com aumento nas despesas. Isso significa que a turbulência está longe de passar.

Diante desse quadro, a postura que você adotar agora definirá seu sucesso ou fracasso nos próximos meses. Como trader, você já sabe que é no caos que surgem as melhores oportunidades. Empresas saudáveis, mas que passam por dificuldade momentânea, podem ser excelentes opções de compra com desconto. Ativos subvalorizados, movimentos de desinvestimento e operações de follow-on trazem chances reais de ganho para quem souber analisar com frieza.

O mercado não perdoa amadores, e o momento é de profissionalismo extremo. Você precisa entender que juros altos reduzem o valor presente dos fluxos de caixa futuros. Empresas com dívidas altas serão castigadas. Por outro lado, aquelas com caixa robusto ou receita em dólar podem aproveitar a vantagem competitiva. Então, ajuste suas métricas. Olhe para indicadores como EV/EBITDA, fluxo de caixa descontado e reavaliação de endividamento. As oportunidades estão lá fora, mas é preciso ter olhos treinados para enxergá-las.

Lembre-se também que o real desvalorizado abre um campo de jogo para os exportadores. Empresas do agronegócio, papel e celulose, mineração e energia tendem a surfar essa onda. Se você ainda não está de olho nesses setores, está perdendo tempo. Já as empresas altamente alavancadas, com grande exposição ao mercado doméstico e custos financeiros crescentes, correm sérios riscos de deterioração. É preciso ser seletivo e, acima de tudo, cirúrgico.

Com informações Estadão

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