Os bastidores do mercado de papel e celulose no Brasil estão aquecidos, e você não pode ignorar os movimentos das gigantes Suzano e Klabin. As duas empresas, que carregam histórias longas e marcantes no setor, tomaram rumos distintos em seus planos de expansão e diversificação. Este não é apenas um embate de estratégias; é uma vitrine de como diferentes visões podem moldar o futuro de um setor global tão dinâmico.
De um lado, a Suzano, que apostou pesado na celulose de eucalipto, a famosa fibra curta. Do outro, a Klabin, que enxerga na celulose de pinus, ou fibra longa, um mercado mais promissor. Além disso, enquanto a Suzano avança além das fronteiras brasileiras, adquirindo ativos no exterior, a Klabin opta por consolidar suas operações dentro de casa, valorizando o crescimento orgânico. A pergunta que não quer calar é: quem está no caminho certo?
Você, como investidor ou interessado no mercado, deve observar com atenção essas escolhas. Não se trata apenas de preferência por fibra curta ou longa. Estamos falando de modelos de negócios radicalmente distintos. A Suzano, por exemplo, tem cerca de 80% da sua receita dependente da celulose. Em contrapartida, a Klabin é um exemplo de diversificação, equilibrando suas receitas entre celulose, papel e embalagens.
Esse nível de especialização versus diversificação não é só uma questão de estratégia operacional. É também uma diferença filosófica que pode determinar como cada empresa vai se posicionar diante de desafios globais, como as flutuações de preços, custos de produção e a busca incessante por sustentabilidade.
Falemos da Suzano. Nos últimos anos, a empresa expandiu suas fronteiras e não poupou esforços financeiros para isso. Foram R$ 1,3 bilhão investidos na aquisição de 15% da austríaca Lenzing e US$ 110 milhões para comprar duas fábricas da americana Pactiv Evergreen. Esses movimentos mostram uma clara ambição de globalização. Mas não é apenas sobre gastar; é sobre escalar. E a Suzano sabe disso. O projeto Cerrado, sua maior linha de produção de celulose, localizado em Ribas do Rio Pardo (MS), é um marco de eficiência. Com ele, a empresa busca consolidar-se ainda mais no mercado global.
Contudo, essa estratégia agressiva tem um custo: o endividamento. E é aqui que a Suzano coloca o pé no freio. Segundo o presidente Beto Abreu, as transações de grande porte darão lugar a um momento de disciplina financeira. A prioridade agora é clara: reduzir dívidas e otimizar recursos. Para você, investidor, isso é um sinal de que a empresa não apenas sonha alto, mas também entende a importância de equilibrar ambição com responsabilidade.
Agora, observe a Klabin. Enquanto a Suzano se aventura pelo mundo, a Klabin está determinada a “colher os frutos” dos seus R$ 21 bilhões investidos no Brasil desde 2017. Esse montante foi usado para aquisição de negócios, expansão de capacidade produtiva e integração de ativos florestais. Os destaques incluem o projeto Puma II, com as novas máquinas de papel MP27 e MP28, e uma moderna fábrica de embalagens em Piracicaba (SP).
Mas o mais interessante é a visão da Klabin sobre o mercado. Enquanto a Suzano busca substituir a fibra longa pela fibra curta, a Klabin segue firme na crença de que a fibra longa tem um diferencial competitivo. E há mérito nessa visão. Com custos de produção elevados levando ao fechamento de capacidades de fibra longa, o preço dessa mercadoria disparou. A diferença de preço entre fibra curta (US$ 550/tonelada) e fibra longa (US$ 730/tonelada) no mercado chinês é um reflexo claro desse desequilíbrio.
A Klabin também destaca o potencial da celulose fluff, um segmento usado em produtos como fraldas e absorventes. Esse mercado, embora não seja tão grande quanto o de papéis ou embalagens, possui margens atrativas e demanda consistente. Você pode perceber que, mesmo dentro de suas fronteiras, a Klabin está construindo um ecossistema robusto e diversificado.
A grande questão é: qual dessas abordagens oferece mais segurança e rentabilidade para você? A resposta não é simples. Enquanto a Suzano busca escala e participação global, a Klabin investe na consolidação de um mercado interno que ainda tem muito a oferecer. Ambas entendem a necessidade de disciplina financeira, mas suas escolhas de investimento mostram apostas claras em mercados diferentes.
Para você que acompanha o setor ou está considerando um movimento estratégico como investidor, os sinais são claros: há oportunidades e riscos em ambos os caminhos. A Suzano, com sua estratégia internacional e foco na fibra curta, pode capturar mercados emergentes e novas demandas globais. A Klabin, por outro lado, tem a vantagem de um portfólio diversificado e a possibilidade de explorar nichos de alto valor agregado no Brasil.
Não há resposta certa ou errada aqui, mas você deve refletir sobre seu apetite ao risco e horizonte de investimento. O mercado global de papel e celulose está em um momento de transição, e empresas como Suzano e Klabin estão liderando essa transformação de maneiras completamente distintas. Resta a você decidir qual história deseja acompanhar mais de perto. Afinal, no mercado financeiro, cada decisão é uma aposta, mas é o pragmatismo que separa os amadores dos visionários.
Com informações Reuters