BC eleva Selic a 12,25% ao ano e prevê mais dois aumentos de 1 ponto

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), nesta quarta-feira (11), em elevar a taxa

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), nesta quarta-feira (11), em elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, ressoa como um dos movimentos mais ousados do Banco Central no cenário recente. Com essa alta de 1 ponto percentual, o comitê sinalizou não apenas sua preocupação com o controle da inflação, mas também o início de um ciclo que promete ser ainda mais rigoroso em 2025. Essa abordagem marca uma tentativa clara de frear os avanços inflacionários e estabilizar as expectativas do mercado, elementos cruciais para a saúde da economia brasileira.

O mercado financeiro, acostumado a ajustes mais modestos, recebeu a decisão com um misto de surpresa e apreensão. Enquanto uma parcela dos economistas consultados pela Bloomberg previa uma elevação de 0,75 ponto percentual, poucos anteciparam um aumento mais agressivo. Essa divergência entre as expectativas e a realidade ilustra como a autoridade monetária está disposta a adotar uma postura mais hawkish diante de cenários adversos, mesmo que isso signifique desaceleração econômica no curto prazo.

O racional por trás da decisão

O comunicado oficial do Copom deixou claro que a conjuntura atual exige medidas drásticas. A piora nas expectativas de inflação, combinada com uma atividade econômica acima do potencial e pressões inflacionárias persistentes, desenha um quadro de riscos que não pode ser ignorado. O aumento de 0,3 ponto percentual na projeção de inflação para 2024, de 4,6% para 4,9%, reforça a urgência de uma política monetária mais contracionista.

Ao mesmo tempo, o impacto da política fiscal proposta pelo governo federal também entra na equação. O pacote de contenção de despesas, embora bem-intencionado, gerou reações mistas entre os agentes econômicos. O aumento da percepção de risco, refletido na alta do dólar para R$ 5,95, trouxe um desafio adicional para o Banco Central: conter os efeitos da desvalorização cambial sem comprometer ainda mais a já delicada recuperação econômica.

O choque de juros e suas implicações

A promessa de novos aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025, projeta a taxa Selic para o patamar de 14,25% ao ano, o mesmo nível observado durante a crise do governo Dilma Rousseff (PT) entre 2015 e 2016. Esse ciclo de alta, que teve início em setembro de 2024, representa uma guinada significativa em relação à trajetória de flexibilização observada nos anos anteriores.

Mas qual é o custo dessa estratégia? Economistas como Marco Caruso, do Santander, apontam para os riscos de uma desaceleração significativa no PIB (Produto Interno Bruto). Com a atividade econômica já demonstrando sinais de resiliência – como o crescimento de 0,9% no terceiro trimestre de 2024 –, um choque de juros dessa magnitude pode desacelerar o consumo e o investimento de forma mais acentuada do que o previsto.

Além disso, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a medida como “irresponsável” e “desastrosa”. Sua declaração ressalta a tensão política em torno da condução da política monetária, especialmente em um momento em que o governo busca aprovar reformas fiscais cruciais no Congresso. Essa dinâmica evidencia como o Banco Central opera em um terreno cada vez mais politizado, onde decisões técnicas têm repercussões políticas profundas.

As expectativas para 2025

Com a entrada de Gabriel Galípolo no comando do Banco Central a partir de janeiro de 2025, as expectativas para a política monetária permanecem incertas. Galípolo, um nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá a difícil tarefa de equilibrar a autonomia do Banco Central com as demandas de um governo que busca promover crescimento econômico e inclusão social.

No curto prazo, o mercado continuará a monitorar de perto os indicadores de inflação, câmbio e atividade econômica. As projeções do Boletim Focus já indicam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) pode superar o teto da meta em 2024 e 2025, reforçando a necessidade de uma política monetária rígida. No entanto, a eficácia dessa abordagem dependerá de uma série de fatores externos, incluindo a política monetária dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump, bem como os impactos de fatores climáticos sobre os preços globais de commodities.

Um cenário de alta complexidade

A decisão do Copom de elevar a Selic para 12,25% ao ano é um movimento que reflete a complexidade e os desafios do atual cenário econômico brasileiro. Enquanto o Banco Central busca ancorar as expectativas de inflação e estabilizar a economia, os impactos dessa política sobre o crescimento econômico e o bem-estar da população ainda estão por vir.

Para os investidores, o momento exige cautela e uma análise minuciosa das oportunidades e riscos no mercado. A trajetória dos juros, combinada com as incertezas fiscais e políticas, cria um ambiente onde a estratégia e a informação se tornam mais valiosas do que nunca.

Será que o choque de juros será suficiente para controlar a inflação sem causar danos irreparáveis à economia? Ou estaremos caminhando para um novo ciclo de instabilidade econômica e política? O desenrolar desses eventos em 2025 promete ser decisivo, e você, leitor, não vai querer perder os próximos capítulos dessa história. Fique atento às análises e insights do Open Investimentos para se manter sempre um passo à frente.

Com informações Folha de S.Paulo

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