Mercados asiáticos em alta e dólar forte: Perspectivas econômicas para 2025 em foco

O cenário financeiro asiático segue marcado por uma volatilidade contida, com os mercados flutuando entre otimismos cautelosos e expectativas de novas políticas monetárias

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O cenário financeiro asiático segue marcado por uma volatilidade contida, com os mercados flutuando entre otimismos cautelosos e expectativas de novas políticas monetárias globais. As ações asiáticas registraram leve alta na sexta-feira, impulsionadas pela performance robusta do Nikkei japonês, enquanto o iene enfrentava pressões contínuas, aproximando-se das mínimas de cinco meses. As negociações em baixa, típicas do final de ano, indicam uma expectativa de quietude no curto prazo, mas os investidores estão com os olhos voltados para 2025, quando o Federal Reserve e o Banco do Japão devem adotar políticas monetárias divergentes, afetando diretamente a dinâmica cambial e de juros.

O iene japonês, enfraquecido por sua longa trajetória de declínio, sofreu uma pressão exacerbada pela força do dólar e pela ampla disparidade nas políticas de juros entre os dois países. A moeda nipônica caiu mais de 10% em 2024, marcando seu quarto ano consecutivo de desvalorização. Este cenário despertou a preocupação das autoridades japonesas, que voltaram a alertar para intervenções no mercado cambial caso os movimentos da moeda se tornem excessivos. O Ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, reafirmou que o governo tomará medidas contra qualquer instabilidade provocada por especuladores. A desvalorização do iene beneficia as exportações japonesas, mas também gera incertezas e riscos para a economia do país, principalmente no que diz respeito ao aumento de custos de importação e a pressão inflacionária interna.

Na esfera das ações, o Nikkei teve um desempenho de destaque, subindo 2%, como reflexo direto da desvalorização do iene. Com isso, o índice japonês se prepara para um aumento significativo de 21% ao longo de 2024. O CSI300 da China e o Hang Seng de Hong Kong também apresentaram ganhos modestos, indicando que a região continua a mostrar sinais de recuperação, embora de forma tênue. Os mercados, no entanto, se encontram em uma calmaria temporária, com poucas transações de grande impacto no final do ano. A falta de grandes surpresas no horizonte imediato tende a manter a volatilidade reduzida até que o novo ano traga consigo novos desafios e oportunidades.

A dinâmica do Federal Reserve e suas ações futuras em relação às taxas de juros serão um ponto crucial para os mercados globais em 2025. Após o movimento de redução de taxas em dezembro de 2024, o Fed sinalizou um ritmo mais cauteloso para o próximo ano, com apenas dois cortes de juros previstos para 2025, uma expectativa bem abaixo dos quatro inicialmente projetados. Isso gerou uma pressão nos rendimentos dos Treasuries, com o rendimento do título de 10 anos atingindo seu maior nível desde maio, a 4,57%. O mercado de juros está ajustando-se a essa nova realidade, com os operadores precificando um corte de taxa totalmente antecipado para junho de 2025, o que poderá estimular uma recuperação mais vigorosa na economia americana, dependendo dos dados econômicos que surgirem ao longo do ano.

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Esse cenário de taxas de juros elevadas nos EUA, junto com o fortalecimento do dólar, levou o índice do dólar (DXY) a atingir níveis próximos de seu pico de dois anos. O DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis outras moedas importantes, subiu 6,6% em 2024, refletindo a força do dólar frente à incerteza global. Esse movimento não é apenas um reflexo da política monetária, mas também da busca por segurança em tempos de volatilidade, com o dólar funcionando como um porto seguro para investidores que procuram proteção contra a incerteza econômica.

O mercado de commodities também tem se comportado de forma interessante. O ouro, tradicionalmente considerado um ativo de refúgio, se valorizou consideravelmente ao longo de 2024, alcançando US$ 2.633 a onça, marcando um aumento de 28% no ano. Esse foi o melhor desempenho anual do metal precioso desde 2011, e sua performance pode ser vista como uma resposta à incerteza econômica e à inflação persistente em várias regiões do mundo. O petróleo, por outro lado, apresentou um desempenho mais estável, mas com tendência de alta, impulsionada pela demanda sustentada e pelos esforços de estímulo econômico na China, o maior importador de petróleo do mundo. Os preços do petróleo Brent e do West Texas Intermediate, principais índices de referência para o mercado de petróleo, continuaram estáveis, com uma leve alta prevista para a semana, à medida que os investidores aguardam mais informações sobre o ritmo do estímulo econômico na maior economia da Ásia.

Ao olhar para 2025, os mercados parecem estar divididos entre a esperança de uma recuperação econômica global e a cautela diante das incertezas políticas e econômicas. O novo governo dos EUA, liderado por Trump, promete mudanças significativas em suas políticas tarifárias, o que poderá afetar o comércio global e criar novas dinâmicas nos mercados financeiros. Além disso, as tensões geopolíticas, como as relações comerciais entre os EUA e a China, continuam a gerar incerteza, com a guerra comercial e as questões tecnológicas no centro do debate. As negociações de fim de ano, com volumes de transações mais baixos e menos volatilidade, são apenas uma pausa temporária antes que os mercados enfrentem um novo conjunto de desafios no ano seguinte.

Este cenário oferece uma visão clara dos caminhos que podem se desenhar para 2025. O comportamento das moedas, a política monetária dos grandes bancos centrais e os movimentos nas commodities, como o ouro e o petróleo, são os principais pontos de observação para os investidores. A força do dólar e a fragilidade do iene indicam que os fluxos financeiros podem se concentrar em ativos denominados em dólares, enquanto as políticas de estímulo da China e as taxas de juros nos EUA determinarão as tendências de crescimento econômico. O papel do mercado de ações será igualmente importante, com os investidores monitorando de perto as ações dos gigantes tecnológicos e as possíveis intervenções governamentais em mercados cambiais.

Em resumo, o cenário financeiro de 2024 a 2025 será profundamente influenciado por uma combinação de fatores, incluindo as políticas do Federal Reserve, as ações do Banco do Japão, as tensões geopolíticas e o comportamento das principais commodities. Os investidores devem se preparar para um período de ajustes financeiros, onde as moedas emergentes, como o iene japonês, e os ativos de refúgio, como o ouro, estarão no centro das atenções.

Com informações Reuters

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